Garantir que as famílias beneficiárias do Bolsa Família não percam o benefício é um trabalho que vai além do atendimento realizado dentro dos 21 Cras da Capital e da Central do Cadastro. É preciso também ir ao encontro dessas famílias e organizar ações que aproximem os serviços da Prefeitura, oferecidos por meio da Secretaria de Assistência Social (SAS), das comunidades que têm dificuldade de locomoção ou que moram distantes das unidades.
“A busca ativa é fundamental para a orientação das famílias e é a possibilidade de verificar in loco a situação em que elas vivem. Muitas famílias não sabem quais benefícios e programas, além do Bolsa Família, elas têm direito porque na maioria das vezes, não acessam o Cras devido a alguma dificuldade”, pontuou a gerente do Cadastro Único, Viviane Brandão.
E é esse o trabalho desenvolvido pelos técnicos do CadÚnico que chamou a atenção da representante do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Ieda Castro, que participou, no mês passado, da 15ª Conferência Municipal de Assistência e aproveitou para conhecer a estrutura do Cadastro Único implantada pela Prefeitura de Campo Grande nos Cras da Capital.
Na ocasião, ela ressaltou a importância do modelo de atendimento descentralizado do Cadúnico adotado pela gestão municipal. “É um modelo inovador porque permite conhecer as famílias de perto, o que diminui o risco de fraude porque as famílias se conhecem. Além do mais, indo ao Cras elas acabam conhecendo a estrutura e desfrutando dos demais serviços oferecidos, como o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos”, disse a representante do Ministério do Desenvolvimento.
A partir dessa visita, Campo Grande foi indicada para compor uma série de cinco vídeos que estão sendo produzidos pela equipe de Comunicação do MDS e que devem ser divulgados na mídia nacional e nas redes sociais, a partir desta sexta-feira (14).
Durante esta semana, o jornalista Breno Barroso Pereira e o videomaker Helano Stuckert registraram o cotidiano de três famílias da Capital beneficiárias de programas do Governo Federal e que recebem, com frequência, a visita de um técnico do Cadastro Único para garantir a atualização cadastral da família e informar sobre os benefícios a que têm direito e qual o impacto desse trabalho na vida delas.
O jornalista explicou que a série de vídeos vai mostrar o trabalho da Assistência Social por meio da Busca Ativa em várias regiões do país e Campo Grande será a única representante da região Centro-Oeste. “Mostrar a diversidade que existe dentro do país por meio de histórias de famílias que utilizam essa política pública nos faz entender a complexidade que é o Brasil. Esse trabalho vai mostrar que os municípios estão alinhados com as três esferas em prol das pessoas que mais precisam. É muito importante esse papel do assistente social que sai das unidades para ir até as comunidades vulneráveis, garantindo cidadania a elas”, afirmou Breno.
Para a dona de casa Andreza Francisco (28), da etnia indígena Terena e moradora do Jardim Colúmbia, a assistente social Débora Miranda, que atua no Cadastro único, já é considerada um membro da família. Ela é quem garante que a família não perca os prazos de atualizações cadastrais e é quem verifica para quais programas sociais Andreza é elegível.
As visitas frequentes à residência transformaram a relação profissional em amizade e Débora é recebida sempre com carinho pela dona de casa e os três filhos, que têm idades entre um e nove anos. As entrevistas se transformam em bate-papos, onde Débora aproveita para verificar o acesso da família às demais políticas públicas do município, como as oferecidas pelas redes da Saúde e da Educação.
Entre uma informação e outra sobre a última avaliação nutricional das crianças, ela aproveita para orientar e conscientizar a família sobre cidadania. “É uma satisfação saber que meu trabalho e o da equipe do Cadastro Único faz a diferença na vida dessas pessoas, porque quando cheguei aqui e vi a situação de vulnerabilidade dela, entendi a importância do trabalho e da acolhida da Assistência Social com as visitas domiciliares trazendo um trabalho que faz parte do Cras, porque é onde ela pode entender que seus direitos não serão violados e sua família não fica desamparada”, frisou.
Morando em Campo Grande há 20 anos, Andreza revelou que nunca havia recebido um acompanhamento tão frequente da Assistência Social como este que está acontecendo agora. “Se não fosse a Débora, eu teria perdido meu Bolsa Família, porque moro longe do Cras e meu cadastro estava desatualizado e não posso ficar sem esse dinheiro porque é um complemento importante para comprar alimentos”, afirmou.
Trabalho constante
O secretário de Assistência Social do município, José Mário Antunes, ressaltou que as equipes do Cadastro Único têm trabalhado, desde o início da gestão, dando prioridade para atender famílias pertencentes a grupos como indígenas, quilombolas e com membros beneficiários do BPC e pessoas com dificuldade de locomoção.
Apesar de o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome ter publicado em março a Portaria MDS nº 871, que regulamenta as ações do Programa de Fortalecimento Emergencial do Atendimento do Cadastro Único no Sistema Único da Assistência Social (PROCAD-SUAS), estabelecendo um repasse de recurso adicional aos municípios para o financiamento de ações que auxiliem na Busca Ativa, o secretário José Mário ressaltou que o olhar humanizado da administração municipal, sempre teve como prerrogativa, o trabalho pelo próximo.
“Trabalhamos com muita responsabilidade, amor e respeito pelas pessoas que dependem de nós. Dessa forma a Assistência Social consegue atender àqueles que mais precisam”, concluiu.
Atualmente, o CadÚnico está presente em 27 unidades da SAS, além da Secretaria Municipal da Juventude e conta com cinco técnicas de referência, que subsidiam todo o trabalho realizado no município. Essa estrutura possibilita trabalhar a visita domiciliar de modo mais organizada e com foco no território. As campanhas realizadas pelas equipes também buscam facilitar o acesso das pessoas ao Cadastro Único e garantir que não percam seus benefícios.
Em média, 8.574 famílias são atendidas por mês no CadÚnico e apenas no mês de junho, 59 mil famílias foram beneficiadas com o Bolsa Família na Capital.