Bebê nasceu na Santa Casa de Campo Grande com a bexiga exposta e pais correm contra o tempo para salvar a vida da filha que precisa de transferência para hospital especializado
Alice nasceu há apenas 15 dias, mas uma má formação, torna cada minuto de vida uma luta contra o tempo. Ela está internada na UTI Neonatal da Santa Casa de Campo Grande mas precisa ser transferida para tratamento fora do Estado, já que se trata de uma condição extremamente rara. A mãe Grazieli Aparecida Reis, de 30 anos, e o pai Ricardo Conte Neto, de 27 anos, buscam na justiça o atendimento que a bebê precisa para sobreviver. Essa é a primeira filha do casal, que é de São Gabriel D’Oeste e estão na Capital desde o nascimento da menina.
Mesmo com uma liminar judicial dada desde sábado (3), que determina o transporte aéreo e custeio do tratamento, Alice continua a espera da transferência, que segundo a decisão judicial deveria acontecer em até 12 horas.
“Nossa filha já está sofrendo muito, ela nasceu com a bexiga exposta e extrusão completa de órgãos do trato urinário, intestinal e genital. Ou seja, minha filha tem o ânus e a vagina ‘interligado’. Está usando bolsa de colostomia, mas sente muita dor. A bexiga dela que nasceu pra fora, está cada dia mais machucada por conta dos curativos que colocam em cima e o hospital não sabe mais como agir porque eles nunca atenderam um caso desses. Foi também descoberto um problema cardíaco congênito, porém é algo com menos ”, conta a mãe Grazieli que está pedindo ajuda para o caso da filha.
O juiz Marcelo Andrades Campos Silva, concedeu a tutela de urgência para o fim de que determinando que o Estado transfira para quaisquer “Hospitais Públicos da capital ou de fora deste Estado que disponha de serviço de referência em urologia pediátrica, para a realização de avaliação da urologia pediátrica, incluindo CTI ou UTI (se for o caso) ou, na impossibilidade desta, seja deferida sua transferência para Unidade Hospitalar da Rede Particular, ficando responsável pelo custeio de todas as despesas médico-hospitalares, incluindo o transporte de UTI Aérea se for o caso, no prazo de 12 (doze) horas, sob pena de bloqueio de numerário para transferência para a rede privada”. A decisão, no entanto, não foi cumprida.
Transferência e negativas
“Desde a gestação sabíamos que ela tinha a má formação, então viemos para inicialmente receber atendimento, fazer o parto no Hospital Universitário. Devido a uma orientação médica fomos para a Santa Casa onde foi feito o parto e a Alice desde então luta pela vida”, conta a mãe lembrando que a filha já teve a transferência negada para o HU onde, talvez, haveria esse suporto para urologia infantil. “No entanto, já sabemos que lá não seria o caso dela que é bem raro”.
De acordo com o documento enviado pela Santa Casa de Campo Grande, que a reportagem teve acesso “esse tipo de doença exige equipe multidisciplinar experiente e capacitada para realização do procedimento reconstrutivo, além de estrutura do centro cirúrgico com materiais especiais em urologia infantil. Atualmente a Santa Casa não conta com a especialidade de urologia infantil. Tendo em vista que em nosso Estado não tem atendimento especializado e nem pactuação com outros Estados, pedimos a gentileza de verificar a possibilidade de atendimento RN de GRAZIELI APARECIDA REIS.
Grazieli tem na divulgação do caso a esperança que a filha seja transferida. “Eu já não sei mais o que fazer. “Ontem (6) foi mais uma negativa, dessa vez do Hospital Pequeno Príncipe que é referência no assunto, porém se negaram e pediram mais detalhes do caso da minha filha que já está bem detalhado e explicado”, desabafa reiterando que faz o que for preciso para que a filha seja salva.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com a Defensoria Pública do Estado, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. O mesmo aconteceu com a Secretaria Estadual de Saúde. Caso sejam enviadas repostas, a matéria será atualizada.
Fonte: A Onça