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Após ‘liberar’ preso, policial penal detido pelo Gaeco em MS saiu para tomar chopp com advogado

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Presos preventivamente na Operação Courrier, policial penal e advogado teriam ligação estreita e, inclusive, articularam liberdade de um preso ilegalmente. Os acusados foram alvos da operação que mirou no núcleo do PCC (Primeiro Comando da Capital) denominado ‘Sintonia dos Gravatas’.

Relatório apresentado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) apontou que o policial penal estaria praticando corrupção, por receber remuneração indevida para realizar atos de ofício em desacordo com a ética. Ou seja, recebia valores para transferir presos e alterar os registros dos internos.

Em uma das ações, ele teria agido a favor do advogado e o cliente, que estava preso. O policial penal teria articulado, em exame criminológico – de progressão de regime –  a obtenção de um parecer favorável para livramento condicional de um preso. Assim que conseguiu sair, o preso saiu com o policial penal e o advogado para jantar e tomar um chopp.

As informações são todas registradas no relatório do Gaeco, que ainda aponta que o agente dava acesso irrestrito às informações do Sistema Penitenciário para o advogado. Ele também indicava o advogado para familiares de presos e fornecia informações sigilosas sobre alguns internos.

Os dois estão presos preventivamente e também tiveram mandados de busca e apreensão cumpridos nos endereços. Ao menos 15 advogados foram identificados pelo Gaeco, além de 5 lideranças do PCC, por integrarem a Sintonia dos Gravatas. Entre eles, um advogado seria do Estado de São Paulo e atua na defesa Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como liderança da facção.

Troca de mensagens com advogados

No relatório do Gaeco é apontado que um advogado teve contato com Marcola, a partir da defesa deste. Na ocasião, o líder do PCC teria questionado sobre a remoção de presos do regime fechado da Gameleira, em Campo Grande, para outros presídios. As investigações concluíram papel importante dos advogados para a estrutura da facção criminosa.

 

      Advogados foram alvos da operação (Foto: Danielle Errobidarte)

Eles seriam responsáveis ainda por administrarem dinheiro e contas do PCC, além de receberem os ‘salves’. Em uma última transferência de membros do PCC para presídios federais, Marcola teria demonstrado insatisfação, planejando atentados contra promotores de Justiça de Goiás e também de Mato Grosso do Sul.

A determinação dos atentados teria saído do presídio a partir de um integrante do PCC recentemente condenado. Este teria entregue o ‘recado’ a duas advogadas, também alvos da operação.

Ligação direta com Marcola

Um dos membros do PCC de Mato Grosso do Sul cumpria pena no Presídio Federal de Brasília, onde teria se aproximado de Marcola. Depois, veio transferido para a Gameleira em Campo Grande, onde passou a ser encarregado de transmitir ordens e informações aos ‘gravatas’.

Nas conversas entre advogados, eles falam sobre a execução de um homem em Pedro Juan Caballero (PY). O advogado de Marcola chega a comentar sobre a execução, esclarecendo que o homem foi assassinado pelo PCC, já que ele teria matado o primo de um membro da facção, sem a ordem superior. Ele também determina que um advogado de MS auxilie a família do assassinado.

Por fim, o Gaeco também cita a participação dos policiais penais, sendo que um teve o pedido de prisão deferido. Estes estariam recebendo remuneração indevida, em troca da transferência de presos e alteração dos registros. Foi constatado que um advogado teria pagado R$ 40 mil para conseguir a transferência de um preso para Minas Gerais.

No entanto, não foi identificado o servidor que recebeu o valor. A operação realizada na sexta-feira cumpriu ao todo 38 mandados judiciais, em Campo Grande, Dourados, Jardim e Jaraguari. No dia da operação, a reportagem apurou que um advogado foi preso no condomínio Acqua Verano, na Avenida Rachid Neder.

Já na rua Sebastião Lima, na residência onde mora um casal, policiais cumpriram dois mandados, sendo um de busca e apreensão e um de prisão. Garras, Batalhão de Choque, Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e Gisp (Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário) também atuam na operação.

 

Fonte: Midiamax

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