Considerado um amuleto da sorte e muito disputado no mercado boliviano, os fetos de lhama agora estão sendo procurados no Brasil. Somente nos últimos 20 dias, a Receita Federal realizou três apreensões, totalizando 200 fetos que entraram por Corumbá, a 219 km e Campo Grande e que faz fronteira com as cidades bolivianas de Puerto Quijarro e Puerto Suárez.
Nesta terça-feira (18), a Receita interceptou uma carga ao parar um ônibus de passageiros, na BR-262. Entre a carga de duas toneladas de mercadorias ilegais, foram encontrados 25 fetos de lhamas empalhados. Questionado, um homem disse que levaria as lhamas para São Paulo e as venderia por R$ 500 cada.
Na Bolívia, esse tipo de item é vendido no mercado exotérico depois de retirado de lhamas sacrificadas em rituais. A tradição no país é enterrar um feto, por exemplo, no terreno onde será construída uma casa, como forma de espantar o azar, ou até colocar na fachada de residências.
Em agosto, o comércio dos fetos ganha maior força entre os bolivianos, porque é mês de oferendas à Pachamama (Mãe Terra) como forma de manifestar agradecimento e pedir favores. São rituais ancestrais. Começou como forma de agradecer a colheita e pedir que a próxima também venha farta.
Pela quantidade apreendida por aqui, esse misticismo começou a ficar famoso no Brasil.
Esta já é a terceira apreensão feita em 20 dias. No dia 30 de maio, um ônibus foi parado na BR-262 e os agentes da Receita Federal, ao verificar as bagagens, encontraram 150 fetos mumificados. A mulher que fazia o transporte afirmou que levaria a carga para São Paulo.
Já no dia 6 de junho, outra carga de 25 fetos empalhados foram encontrados, após ônibus também ser parado na BR-262 durante operação conjunta entre o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), Polícia Militar e Receita Federal.
De acordo com a Receita, as lhamas no seu habitat natural são forçadas a abortar os fetos, o que permite que cada uma gere de 3 a 4 filhotes por ano. No Brasil, qualquer abuso contra animais, como maus-tratos, ferimentos ou mutilações, é crime passível de punição, conforme estipula a Lei de Crimes Ambientais, com pena de detenção de três meses a um ano, além de multa.
FONTE: CAMPO GRANDE NEWS