A onda de calor, que deu uma trégua desde quarta-feira (27), e o consequente aumento no consumo de energia provocaram interrupção no abastecimento de cerca de 2,2 mil consumidores de Campo Grande e de algumas cidades do interior, conforme informações repassadas pela Energisa na manhã desta quinta-feira durante o anúncio de um plano de contingência para enfrentar situações climáticas extremas que estão sendo esperadas para os próximos meses.
“Mas, para o próximo calorão, previsto para meados de outubro, a potência das regiões afetadas está sendo redimensionada e as quedas de energia não devem se repetir, conforme Helier Fioravante, gerente de operações da Energisa.”
De acordo com ele, os problemas foram todos pontuais, em decorrência de sobrecarga em pelo menos 74 transformadores, que foram ou estão sendo trocados por equipamentos que suportam demanda maior.
Embora diga que a falta de energia na casa de apenas um consumidor já seja um problema grave, faz questão de enfatizar que o desabastecimento em cerca de 2,2 mil residências em meio à onda de calor é algo irrelevante na comparação com os 300 mil que ficaram sem energia no temporal de 15 de outubro de 2021 ou dos 55 mil clientes que ficaram sem energia no temporal no final de agosto em Dourados
Helier Fioravante garante, ainda, que as falhas no abastecimento não chegaram a provocar queda de energia em nenhuma cidade inteira e nem mesmo em bairros inteiros. Foram todas ocorrências em algumas ruas e, em quase todos os casos, em decorrência do aumento recente no consumo “em bairros que estão crescendo de maneira vertiginosa”.
E a responsabilidade pelo desabastecimento, de acordo com ele, é dos próprios consumidores. “Não é nem por maldade ou nada, mas eles não estão atentos a informar essa carga à distribuidora. E quando a distribuidora vai realizar seu planejamento, ela acaba não enxergando esse crescimento”, explica Fioravante, dizendo que esta previsão de atribuir ao consumidor a responsabilidade pela comunicação de aumento no consumo sempre foi dos usuários do serviço.
Na terça-feira (26), a cidade de Porto Murtinho chegou a registrar 42,9 graus. Naquela noite, por volta das 22 horas, o consumo de energia nos 74 municípios atendidos pela Energisa bateu o recorde do dia anterior, chegando a 1.403 megawats, superando em oito megawats a marca do dia 25, que até então havia sido o recorde histórico desde que a Energisa assumiu o serviço em Mato Grosso do Sul, em 2014.
Antes desta onda de calor, o pico de consumo do ano havia ocorrido em março, com 1.214 megawats. Agora, entre os dias 21 e 26, em todos eles esse volume foi superado. Em média, o aumento no consumo de energia desde a semana passada foi da ordem de 40%. E é esse o índice médio de aumento que deve chegar na próxima fatura de energia.
Atualmente, a Energisa tem 1,1 milhão de clientes. Destes, 115 mil, ou pouco mais de 10%, utilizam energia solar no período diúrno e por conta disso, de dois anos para cá o pico de consumo tem ocorrido à noite, por conta do consumo, principalmente, dos aparelhos de ar condicionado. De acordo com Jonas Ortiz, coordenador comercial da Energisa, as vendas de aparelhos triplicaram recentemente em Campo Grande e no Estado.
Indagado sobre aquilo que poderia ter ocorrido em meio à onda de calor se não fosse a injeção da energia solar na rede durante o período diúrno, Jonas Ortiz limitou-se a dizer que “não tenho como falar da relação da energia solar. O que eu posso dizer é que, independente da energia solar, que o alerta serve para todos, que neste momento a gente tem um consumo maior de energia.”.
Para Marcelo Vinhaes, presidente da Energisa no Estado, aquilo que aconteceu até agora “são sinais de que vem coisa grave por aí”, deixando claro que a empresa está se preparando para eventos climáticos tão ou mais severos quanto aqueles que já ocorreram em meio ao calorão ou as tempestades que atingiram duas das principais cidades do interior, se referindo a Dourados e Corumbá.
Historicamente fenômenos climáticos extremos atingem o Estado nesta época do ano, mas agora existe a influência do El Niño, ao qual estão sendo atribuídos os recordes de calor . E é exatamente por isso que a distribuidora montou uma espécie de plano de contingência para atuar rapidamente assim que estes fenômenos provocarem estragos.
De acordo com Helier Fioravante, este plano de contingência é composto por 292 ações para se antecipar aos eventos (139 ações), recuperar os possíveis estragos (144 ações) e outras nove para aprender com aquilo que acontecer e assim melhorar os atendimentos nos eventos seguintes.
Entre estas atividades, conforme a assessoria da empresa, 212 transformadores foram trocados e em 343 pontos foram realizadas reformas e substituição de cabos.
Fonte: Correio do Estado