A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado recebeu requerimento para convocação de Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como ‘Beto Louco’. Apontado como um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital), o investigado teria operado esquema bilionário da facção em Mato Grosso do Sul.
A CPI foi instalada no Senado em 4 de novembro, com eixos de investigação centralizados no crime organizado. Para isso, os parlamentares devem investigar o tráfico, a milícia, o uso de fintechs, bancas de advocacia, criptomoedas para a lavagem de dinheiro e a necessidade de integração entre os órgãos de segurança pública e as Forças Armadas.
Assim, o senador Marcos do Val (Podemos) apresentou o requerimento nº 17/2025. O parlamentar destaca que Beto seria um dos líderes de um esquema bilionário de lavagem de dinheiro do PCC no setor de combustíveis.
Foi nesse esquema que Beto teria atuado como operador, ao lado de Armando Hussein Ali Mourad. Então, no requerimento, o senador lembra que Beto também aparece como principal responsável por uma rede de fraudes fiscais e contábeis que movimentou mais de R$ 52 bilhões.
“Segundo investigação, a organização criminosa, que teria ramificações em toda a cadeia produtiva de combustíveis — de usinas a postos—, usa centenas de empresas em nome de laranjas, fundos de investimento e familiares para blindar o patrimônio e ocultar a origem ilícita dos recursos”, disse o requerimento apresentado à CPI.
Buscas em MS
A Operação Carbono Oculto, contra o PCC, chegou ao Estado em 28 de agosto. Outras sete unidades federativas foram cenário da operação. A força-tarefa combate sonegação, lavagem de dinheiro, além de infiltração no sistema financeiro nacional.
Cerca de mil postos de combustíveis vinculados ao PCC movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024 em todo território nacional. Em MS, Dourados e Iguatemi foram alvos da operação.
Assim, são apontadas na investigação as empresas: Duvale Distribuidora De Petróleo E Álcool Ltda, Safra Distribuidora De Petróleo S.A, Arka Distribuidora De Combustíveis Ltda, Imperio Comercio De Petróleo S/A., Maximus Distribuidora De Combustíveis Ltda, Start Petróleo S/A e Alpes Distribuidora De Combustíveis.
Armando Hussein Ali Mourad seria proprietário da Safra Distribuidora de Petróleo. Ele é irmão de Mohamad Hussein Mourad, conhecido como ‘Primo’, apontado como o ‘cabeça’ de todo o esquema.
Logo, seguindo a linha de articulações, ‘Primo’ era um dos operadores do esquema ao lado de Roberto Augusto Leme da Silva, o ‘Beto Louco’. Ademais, vale lembrar que ambos estão com mandado de prisão em aberto e são considerados foragidos.

CPI do Crime Organizado
As investigações começaram após operação no Rio de Janeiro que deixou mais de 120 mortos. Após a instalação da CPI, o grupo realizou a primeira reunião e aprovou os primeiros convites.
Ademais, realizaram eleição da presidência, vice-presidência e relatoria da Comissão. Assim, elegeram o senador Fabiano Contarato (PT) como presidente. Já a vice-presidência ficou com o senador Hamilton Mourão (Republicanos).
Mourão concorreu à presidência e recebeu cinco votos favoráveis, enquanto Contarato somou seis votos.
A relatoria da CPI está com o senador Alessandro Vieira (MDB). Além disso, integram o grupo de titulares: Márcio Bittar (PL); Flávio Bolsonaro (PL); Magno Malta (PL); Otto Alencar (PSD), Ângelo Coronel (PSD), Marcos do Val (Podemos); Jorge Kajuru (PSB) e Rogério Carvalho (PT).
Já os suplentes são: Jaques Wagner, da Bahia, e Randolfe Rodrigues, do Amapá, do PT; Veneziano Vital do Rêgo (MDB); Sérgio Moro (União); Eduardo Girão (Novo); e Esperidião Amin (PP).
Fronteiras de MS na CPI
A fronteira de Mato Grosso do Sul deve estar no radar da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado. É o que espera a senadora por MS Tereza Cristina (PP). Assim, defendeu que “nossa região tem importância estratégica e demanda atenção especial do Estado brasileiro”.
Para o senador por MS Nelsinho Trad (PSD), essa é uma chance de trazer o debate para o problema do tráfico de drogas, armas e contrabando na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
A Comissão Parlamentar de Inquérito será instaurada após a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que deixou mais de 120 mortos. O motivo da ação policial foi o combate ao Comando Vermelho, umas das maiores facções criminosas do país, também presente em MS.
Por fim, para a senadora por MS Soraya Thronicke (Podemos), a discussão é fundamental para os trabalhos no Senado.
“No caso de Mato Grosso do Sul, por ser um estado fronteiriço com dois países sul-americanos e uma das principais portas de entrada do crime organizado, é essencial que a CPI tenha um olhar especial para a nossa região”.
Expansão do PCC em MS
Foi em MS que a expansão da facção começou ainda na década de 90, quando São Paulo tentava isolar lideranças. Assim, considerados ‘problemas’, dois líderes da facção — que se tornaria uma das maiores da atualidade — foram parar em outros estados.
César Augusto, conhecido como ‘Cezinha’, veio para Mato Grosso do Sul. Enquanto José Márcio Felício, conhecido como ‘Geleião’, foi para o Paraná.
A liderança que parou em MS é classificada como ‘carismática e de boa comunicação’ pelo promotor de Justiça do estado de São Paulo, Márcio Sérgio. De lá para cá, a facção se especializou e modernizou, criando um organograma, com subdivisões e tarefas específicas.
Em Mato Grosso do Sul, a facção é dominante. Além disso, detém a rota da Bolívia, de onde sai a cocaína para o resto do país e para a Europa. O promotor, autor do livro ‘Laços de Sangue – A História Secreta do PCC’, explica que a rota da Bolívia é uma das rotas mais importantes para a facção.
Fonte: Jornal Midiamax


