A criança de 2 anos – que efetuou um disparo acidental que atingiu a mãe de 27 anos – em Rio Verde de Mato Grosso, está sob cuidados da família e seu pai será interrogado pela polícia na próxima semana. A morte aconteceu na noite da última sexta-feira (13) e a mulher será sepultada em Alto Caracol, distrito de Caracol, cidade localizada a 372 quilômetros de Campo Grande.
A mulher morreu após o seu filho manusear uma pistola Glock do pai em casa no bairro Barra Verde. Na ocasião, ela e o marido estavam sentados na varanda do imóvel, quando a criança efetuou um disparo acidental, que atingiu o braço e o tórax da mãe.
Desde a morte da vítima, a Polícia Civil investiga o caso como homicídio culposo e omissão de cautela na guarda de arma de fogo, previsto no Estatuto do Desarmamento.
A delegada Danielle Felismino, que atendeu a ocorrência, informou que o pai da criança foi ouvido informalmente e apresentou as imagens e documentação da arma. Ele, que tem o certificado de registro federal da arma e responde em liberdade, será interrogado na próxima semana pela Polícia Civil.
Já sobre a criança, a delegada afirmou à reportagem que o menino está aos cuidados da família.
Escola cancelou festa junina após falecimento de ex-professora
A mulher que morreu após o disparo acidental era do distrito de Alto Caracol, onde estudou e trabalhou como professora em uma escola municipal rural.
Após tomar conhecimento da morte da ex-aluna e ex-professora, a equipe da escola emitiu um comunicado sobre o cancelamento da festa junina, marcada para ocorrer nesse sábado (14).
“Prezadas famílias, é com muito pesar que informamos o cancelamento da nossa Festa Junina, devido ao falecimento de uma ex-aluna e ex-professora muito querida de nossa escola, pertencente a uma família tradicional e respeitada de nossa comunidade”, diz o comunicado da escola.
No comunicado, a escola também agradeceu a compreensão de todos e pediu orações aos familiares da ex-funcionária. Por fim, informou que a mulher “sempre será lembrada com carinho por todos que fazem parte da história da nossa escola”.
Relembre o caso
O disparo acidental foi flagrado por câmeras de segurança da casa na noite da última sexta-feira (13). Nas imagens, é possível ver a mulher e o marido sentados em uma cadeira, lado a lado, quando a criança pega a pistola e começa a manuseá-la. O homem aparenta estar mexendo no aparelho celular
Em determinado momento, o menino, sem intenção, aperta o gatilho e efetua um disparo acidental que atinge o braço da mulher. Segundos depois, o pai continua mexendo no celular, mas logo levanta e corre. Em seguida, a mulher corre e seu filho, assustado, vai atrás, enquanto o marido tenta socorrê-la.
Após o disparo, o marido acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que levou a vítima para o hospital. Apesar dos esforços da equipe, ela sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.
Já a pistola Glock, carregada com 15 munições, foi apreendida pela polícia.
Não é CAC
O pai da criança, não é CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) e possuía apenas o registro federal da arma, segundo informou a delegada responsável pelo caso.
O documento é emitido pela Polícia Federal e voltado para quem deseja ter uma arma legalizada para defesa da residência ou local de trabalho, sem a necessidade de praticar tiro esportivo ou frequentar clubes.
O processo é considerado mais rápido e barato. Em alguns estados, a autorização sai em menos de 30 dias, sem exigência de filiação a clubes nem realização de treinos periódicos, diferentemente para se tornar um CAC, cujo processo é mais burocrático, caro e emitido pelo Exército.
Além disso, quem tem apenas o registro federal pode deixar a arma carregada dentro de casa, 24 horas por dia, pronta para defesa, situação proibida no caso das armas cadastradas no Exército.
Mas há restrições. Segundo o advogado Bruno Melo, o cidadão não pode transportar a arma, salvo com autorização específica para treinamento em clube de tiro ou exercício profissional que exija o transporte do armamento. Também não pode adquirir armas de uso restrito, nem fazer recarga de munições. Além disso, o limite anual é de apenas 50 munições, considerado baixo por quem pratica tiro com frequência.
Fonte: Jornal Midiamax


