InícioCampo GrandeEsteticista procurada há 1 ano é presa em flagrante em clínica clandestina

Esteticista procurada há 1 ano é presa em flagrante em clínica clandestina

A esteticista de Campo Grande, Bruna Paniago de Almeida, de 31 anos, foi presa esta tarde pela Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) por exercício ilegal da profissão, induzir cliente a erro e expor perigo eminente à saúde de outro indivíduo. Ela foi detida em flagrante em clínica clandestina que mantinha na Vila Piratininga.

O delegado Reginaldo Salomão informou que ela era monitorada há quase um ano e que só não foi presa antes porque nunca mantinha um mesmo endereço para atendimentos. Além disso, não tinha nenhum bem em seu nome, o que dificultava ainda mais sua localização. Segundo Salomão, nem mesmo o celular que ela usava estava registrado no nome dela. Os policias a encontraram após denúncia de vítima na Decon.

No local estavam duas mulheres: uma delas acabava de encerrar um procedimento de preenchimento labial e outra aguardava atendimento. Sem se identificar, uma delas falou com a reportagem e exclamou “graças a Deus” ao ser questionada se algum dos procedimentos que realizou havia dado problema. A mulher realizaria a quarta sessão de preenchimento labial na clínica esta tarde.

Ela aplicava em suas pacientes Lipostabil, substância letal e proibida no Brasil. A substância, cujo princípio ativo é a fosfatidilcolina, foi originalmente desenvolvida para o tratamento de embolias pulmonares e hepáticas. No entanto, seu uso estético se popularizou de forma perigosa, principalmente em procedimentos voltados à eliminação de gordura localizada — prática que não possui aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Vídeo:

A Anvisa proíbe o uso do Lipostabil em procedimentos estéticos por causa de seus efeitos colaterais severos. Aplicações não controladas podem causar inflamações, necroses, reações alérgicas intensas e até levar à morte. Por esse motivo, o uso da substância é terminantemente vetado fora de protocolos médicos altamente controlados e restritos a ambientes hospitalares.

Entre os produtos apreendidos estavam o ácido hialurônico e a toxina botulínica, ambos com uso restrito a profissionais médicos em determinados procedimentos. Apesar de a suspeita afirmar ser formada em estética — o que lhe permitiria executar apenas procedimentos não invasivos —, ela não apresentou nenhuma documentação que comprovasse sua habilitação profissional. A esteticista também alegou que apresentaria as notas fiscais do ácido hialurônico, que foi encontrado armazenado de forma irregular, fora da refrigeração adequada

 “Eu fiz quatro vezes o procedimento, coloquei uns 20 ml de ácido. Não da mesma vez, mas as quatro vezes eu coloquei”, disse.

Suas redes sociais são privadas e têm poucas postagens sobre seu trabalho. De quatro vídeos que mostram sua atuação, um é de aplicação de botox e outro de preenchimento labial.

Policiais seguram saco com alguns dos materiais apreendidos na clínica clandestina. (Foto: Paulo Francis)

A perícia encontrou na clínica clandestina, 30 notas fiscais de procedimentos realizados e vai atrás de outras vítimas. Um dos casos envolve a nutricionista Lorena Pereira de Sena, que entrou na Justiça contra a esteticista. Conforme a Decon, Bruna chegou a começar o curso de Biomedicina, mas não terminou.

Antes de ser presa, a esteticista chegou a ser autuada pela Vigilância Sanitária, mas continuou atuando e conseguindo clientes. No local, foi identificado descarte irregular de agulhas, que iam para o lixo comum, além de manutenção de produtos fora do ambiente e da refrigeração adequada. Frascos com ácido hialurônico e toxina botulínica fora apreendidos. Não foram encontrados recipientes com PMMA, o polimetilmetacrilato (plástico, acrílico), muito utilizado em situações irregulares.

Defesa

O advogado de Bruna, Tiê Hardoim, disse que não teve acesso aos autos e que avalia que a situação mais grave para sua cliente seja de exercício irregular da profissão. Os demais crimes dependerão da prova pericial.

“Depende do que vai ser apurado ali, da medicação que ela estava aplicando ou não. Depende muito de prova pericial”, avaliou.

Em pesquisa no site do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul foram encontrados seis procedimentos em tramitação contra a esteticista.

 

Matéria: Campo Grande New

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