O padre Paulo Santos da Silva, da Paróquia São Vicente de Paulo, de Nova Andradina, foi denunciado ao MPF (Ministério Público Federal) por ignorar fatores ambientais e relacionar as enchentes que assolam o Rio Grande do Sul à bruxaria, satanismo e também ao ateísmo entre gaúchos. A fala completa pode ser ouvida no vídeo abaixo, que circula nas redes sociais e é atribuído a ele.
Vídeo:
A denúncia foi feita pelo deputado estadual Leonel Guterres Radde (PT) e recebida ontem (20) pela Procuradoria da República em Dourados, que é a unidade do MPF referência para analisar casos ocorridos em Nova Andradina.
“O Rio Grande do Sul há muito tempo abraçou a bruxaria e o satanismo. Há muito tempo, o meu povo tem se afastado de Deus. Deus não precisa mandar sofrimento para a nossa vida porque ele não faz isso, mas nós mesmos às vezes buscamos, na fragilidade humana, coisas ruins para nós”, diz um trecho.
O nome do religioso aparece numa lista de padres no site da Diocese de Naviraí, a instituição católica responsável pelas igrejas de Nova Andradina e outros municípios próximos. Segundo as informações ali publicadas, Paulo é natural de Porto Alegre (RS), o que explicaria o termo “meu povo”.
“O secularismo chegou no Rio Grande do Sul. O estado mais ateu da federação. Existem mais centros de macumba na cidade de Porto Alegre do que no estado da Bahia inteiro. Precisamos buscar a Deus, porque quando vier a adversidade, quando vier a dor, o que vai nos manter de pé é a fé. O sofrimento existe, a chuva, os terremotos, os alagamentos existem, em todos os lugares é assim, mas o que vai determinar um povo ficar de pé ou prostrado na derrota, é a fé”, diz outro trecho vídeo.
Missa
As declarações foram dadas durante uma missa, conforme as imagens, com o religioso tendo ao lado uma bandeira do Rio Grande do Sul.
A reportagem tentou encontrar o vídeo completo da celebração nos perfis das redes sociais da Paróquia São Vicente de Paulo e do padre Paulo, mas sem sucesso. A página do padre no Instagram está privada, inclusive.
Denúncia
De acordo com consulta no sistema de processos do MPF, a denúncia tramita como “notícia de fato” e é analisada como “crimes de preconceito”.
Nota enviada pela assessoria de imprensa do órgão, afirma que será apurada “suposta prática de crime previsto no artigo 20 da Lei n° 7.716/1989 (Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional)”. O prazo para coleta de informações iniciais é de 30 dias, prorrogável por mais 90 dias.
O texto da denúncia compartilhado nas redes sociais do parlamentar fala em “pregação criminosa” que está “repleta de preconceitos religiosos”.
O pedido é que “considerando que vivemos em um Estado laico, e que é vedado pelo ordenamento jurídico o preconceito religioso, solicita ao agente ministerial, com base nas suas prerrogativas constitucionais, investigue o caso e, uma vez correta constatado as violações civil e criminais, proceda no encaminhamento das devidas sanções”.
FONTE: CAMPO GRANDE NEWS