Mariana de Araújo, de 26 anos, foi presa preventivamente nesta quinta-feira (27), no município de Ivinhema (MS), a 297 km de Campo Grande. Ela era cuidadora da creche ‘Cantinho da Tia Carol’ e, junto com a proprietária Caroline dos Reis, de 30 anos, é suspeita de torturar e dopar crianças que eram cuidadas no local. Em nota, a creche ‘Cantinho da Tia Carol’, afirmou nunca ter agredido, ameaçado e nem ministrado nenhum remédio.
Equipes de Ivinhema começaram as buscas por Mariana no município de Angélica, porque haviam recebido informações de que ela estava lá. Contudo, durante as buscas descobriram que ela estava, na verdade, a cuidadora estava em Ivinhema. Segundo a polícia, ela tentou se esconder quando a polícia chegou até a residência, mas foi encontrada em um dos quartos da casa.
Mariana havia sido presa em flagrante no dia 10 de julho, após ser vista pelos policiais ministrando medicamento para que uma bebê dormisse, sem prescrição médica e sem autorização dos pais. No entanto, ela foi solta após pagar fiança. Caroline continua presa desde então.
De acordo com a polícia, não havia provas suficientes da participação de Mariana nas agressões físicas praticadas contra crianças. Inicialmente, a equipe acreditou que apenas a proprietária batia nos bebês.
Contudo, durante as investigações a Polícia Civil descobriu novas imagens onde é possível visualizar que a cuidadora presenciou as agressões físicas e verbais praticadas pela Caroline a uma bebê, mas omitiu-se diante das torturas.
Além disso, a polícia também descobriu que Mariana também era agressiva com uma bebê de 11 meses. Diante das novas provas, a polícia cassou a fiança de Marina e decretou a prisão preventiva.
A medida teve parecer favorável do Ministério Público e foi deferida pelo Poder Judiciário local. Segundo a polícia, a cuidadora está presa em uma cela apropriada em Ivinhema, à disposição da justiça.
O caso
Caroline e Mariana foram presas em flagrante no dia 10 de julho por torturar e dopar bebês que estavam sob os cuidados delas em uma creche clandestina. No local, eram atendidas 40 crianças, entre 11 meses e 7 anos.
As investigações começaram quando uma escola municipal acionou o Conselho Tutelar, após uma criança apresentar comportamento estranho. Ela não foi vítima, mas viu a proprietária, que também era cuidadora do espaço, agredir os bebês.
Conforme a polícia, ela foi flagrada batendo a cabeça de uma das vítimas contra o sofá e colocando um pano na boca dela, para que não chorasse enquanto a mulher assistia televisão.
“É importante falar das escolas que são uma porta de entrada para as denúncias. Eles acionaram o Conselho Tutelar por causa do relato de uma ex-aluna que frequentava o estabelecimento, que ela não teria sido vítima, mas estava tendo crises de ansiedade, choro constante, vômitos, não conseguia ir direito para a escola, porque ela havia presenciado cenas que configuravam verdadeiras cenas de tortura. Ela relatou que via a proprietária, que também é cuidadora, colocar panos nas bocas das crianças para elas pararem de chorar, para ela assistir séries de televisão”, descreveu a titular da Delegacia da Mulher (DAM), Sayara Baetz.
Equipe da DAM de Naviraí obteve autorização judicial e instalou equipamentos de monitoramento por áudio e vídeo na creche.
Após poucas horas de filmagens, a proprietária agrediu fisicamente uma bebê de apenas 11 meses. Ela estava sozinha em um colchão, no chão, e havia mudado de posição. Foi quando a mulher pegou brutalmente a criança e a jogou novamente no local onde estava anteriormente.
Após este gesto, a bebê voltou a chorar, momento em que a investigada a pegou novamente e a jogou no colchão. A mulher também desferiu alguns tapas no corpo da bebê, a castigando por ter chorado.
Como eram captados imagem e som, os policiais ouviram a mulher chamar a bebê de “sem vergonha” e que quando a menina começasse a andar, as duas “estavam lascadas”.
Com o slogan “Seu bem mais precioso em boas mãos”, a creche funcionava há 6 meses, mas não possui qualquer tipo de documentação ou alvará. A prefeitura de Naviraí disse à reportagem que o local funcionava de forma clandestina e sem nenhuma placa de identificação, por isso não havia nenhuma fiscalização.
Nas descrições, a proprietária afirmava ter experiência e referência no ramo infantil e garantia aos pais cuidar com amor, carinho e disciplina de todas as crianças.
Defesa
Segundo a creche, os fatos não aconteceram como estão sendo divulgados e que durante todo o tempo de funcionamento o estabelecimento nunca agrediu, ameaçou e nem ministrou nenhum remédio.
Fonte: G1 MS