Além dos 39 mandados de prisão, o juiz da 4ª Vara Criminal de Campo Grande expediu ainda 51 mandados de busca e apreensão e entre os alvos estão sete advogados, dois vereadores e dois servidores públicos.
Eles são acusados de integrarem uma organização criminosa, praticarem corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e uso de documento falso.
Conforme a assessoria do MPE, a investigação identificou duas organizações criminosas lideradas por advogados responsáveis por mais de 70 mil ações judiciais em todas as regiões do país, muitas delas consideradas temerárias pelo Poder Judiciário. Conforme o Gaeco, praticamente todas as demandas partem da premissa de que empréstimos consignados são forjados.
Estas empresas de renegociação de dívidas, classificadas pelo MPE de organizações criminosas, estariam usando uma série artimanhas para conseguir procurações de idosos, deficientes e indígenas para, ao final, ajuizarem múltiplas demandas em nome deles contra instituições financeiras.
Em cerca 10% dos casos a Justiça deu ganho de causa às supostas vítimas de empréstimos consignados que não teriam sido autorizados. Além disso, diz o Gaeco, foram feitos uma série de acordos em massa com instituições financeiras.
As investigações revelaram que os crimes, apesar de explorarem pessoas em grave situação de pobreza e vulnerabilidade social, permitiram que os chefes destas organizações criminosas movimentassem cerca de R$ 190 milhões em menos de cinco anos.
Em Mato Grosso do Sul, os mandados foram cumpridos em oito municípios (Iguatemi, Naviraí, Paranhos, Tacuru, Sete Quedas, Eldorado, Anaurilândia e Chapadão do Sul).
Prisões de mandados de busca e apreensão foram cumpridos também nos estados da Bahia (Barreiras), Goiás (Goiânia), Mato Grosso (Sinop), Minas Gerais (Iturama), Paraíba (João Pessoa), Paraná (Araucária, Cascavel, Campo Mourão, Guarapava, Peabiru, Engenheiro Beltrão e Icaraíma) e Piauí (Floriano).
Integrantes dos Gaecos destes sete estados estão ajudando no cumprimento dos mandados e aqui no estado os promotores tiveram apoio do Batalhão de Choque da PM e do Departamento de Operações de Fronteira (DOF).
A operação contou também com a participação das Comissões de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados de Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil por todo o país, já que sete advogados tiveram a prisão decretada.
Em nota, a OAB do Estado informou que ” a respeito da operação deflagrada nessa manhã pelo GAECO envolvendo advogados na Comarca de Iguatemi-MS, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Mato Grosso do Sul, informa que a Comissão de Defesa e Assistência se fez presente acompanhando as diligências, informando ainda que adotará as medidas legais cabíveis, inclusive de natureza disciplinar, respeitando sempre o direito à ampla defesa e contraditório, bem assim as prerrogativas da advocacia”.
A operação foi batizada de “Arnaque” (tradução livre do francês: golpe) em alusão aos métodos fraudulentos usados pelas organizações criminosas para enganar as vítimas.
Fonte: Correio do Estado