O homem de 33 anos conhecido como ‘Aquidauana’ ou ‘Xitu’ foi encontrado na tarde desta quarta-feira (22) em Corumbá, a 444 quilômetros de Campo Grande. Ele é acusado do feminicídio da esposa Grazielly Karine Soares Alves de Lima, de 28 anos, crime cometido nesta madrugada.
Conforme as primeiras informações, o homem estava escondido em uma casa na parte alta da cidade. Ele teria atirado contra a própria cabeça, mas foi socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e encaminhado ao pronto-socorro ainda com sinais vitais, de acordo com o site Diário Corumbaense.
Grazielly era ameaçada para não terminar
Em 8 de março deste ano, Grazielly registrou boletim de ocorrência contra o marido por violência doméstica. Alguns dias depois, em 25 de março, pediu a revogação da medida alegando que tinha reatado e estava “vivendo super bem” com o marido. Ela revelou que não conseguia terminar o casamento, porque sofria ameaças.
O acusado de assassinar Grazielly com vários golpes de faca já tem histórico de violência doméstica e, inclusive, uma condenação. Em 26 de maio de 2012, ele agrediu a então companheira com várias facadas. Ela estava com o filho de apenas 11 meses no colo, que só não foi atingido por intervenção de terceiros.
Até mesmo a mãe do acusado foi agredida por ele naquele dia, com socos e mordidas. “Sai daqui sua velha, se não vou te matar também”, ameaçou ainda Xitu. Preso em flagrante, ele ainda agrediu os policiais militares. Ele acabou condenado em júri popular a uma pena de dois anos e 11 meses de reclusão.
Acusado agredia e ameaçava vítima
O relacionamento entre Grazielly e o marido foi marcado pela violência doméstica. Em março, ela registrou contra ele boletim de ocorrência por lesão corporal, ameaça e injúria. Isso, porque em dezembro de 2021 ele a agrediu com chutes e também a enforcou.
Já em fevereiro, deu um ‘mata leão’ na vítima. Uma semana antes do registro da ocorrência, ele teria ameaçado Grazielly de morte. “Se for para dividir os bens, prefiro te matar”, teria dito. Para a polícia, ela contou que estava separada naquele dia, mas que não conseguiu o divórcio.
Além disso, a vítima contou que não conseguiu sair antes do relacionamento por conta das ameaças que sofria. Ela chegou a pedir a medida protetiva, mas depois pediu a revogação no dia 25 de março, porque havia reatado com o acusado e afirmou que eles estavam vivendo “super bem”.
Feminicídio
O feminicídio aconteceu no Bairro Popular Nova, por volta das 2 horas da madrugada, quando uma testemunha teria recebido uma ligação do ex-marido de Grazielly dizendo que ‘tinha feito uma besteira’ e assassinado a ex.
A testemunha foi até a casa para ver o que realmente aconteceu, quando viu marcas de sangue no chão e acionou a polícia. Quando os policiais chegaram, encontraram Grazielly morta sentada em um sofá, com vários ferimentos de faca, no rosto, braços, peito, cabeça e perna.
Ela teve os cabelos cortados e espalhados pela casa, pelo autor. A casa estava toda bagunçada com garrafas de cerveja quebradas, documentos da vítima cortados e respingos de sangue nas paredes e no chão.
O ex-marido de Grazilelly acabou fugindo em seguida. Testemunhas dizem que viram ele em uma motocicleta Harley-Davidson.
Como denunciar casos de violência doméstica
Além do 180, Central de Atendimento à Mulher que é o canal para denúncia de violência doméstica, ou mesmo 190 para acionar a Polícia Militar, a vítima pode procurar a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
Em Campo Grande, fica localizada na Casa da Mulher Brasileira, no Jardim Imá. Nas cidades do interior também há delegacias especializadas, mas toda delegacia deve, ao menos, orientar a vítima.
Caso a mulher prefira, pode registrar o caso pela internet. É possível pelo site da Delegacia Virtual fazer o registro do boletim de ocorrência. Em Mato Grosso do Sul, o programa Não se Cale traz dados e divulgação sobre o enfrentamento da violência contra a mulher.
No site do Instituto Maria da Penha, que traz a explicação sobre o ciclo da violência doméstica, texto ressalta que é necessário quebrar esse ciclo. “As mulheres que sofrem violência não falam sobre o problema por um misto de sentimentos: vergonha, medo, constrangimento. Os agressores, por sua vez, não raro, constroem uma autoimagem de parceiros perfeitos e bons pais, dificultando a revelação da violência pela mulher. Por isso, é inaceitável a ideia de que a mulher permanece na relação violenta por gostar de apanhar”.
Jornal Midiamax