A 4ª fase da Operação Successione, deflagrada na última terça-feira (25), prendeu 20 pessoas para a prisão — maior número de alvos desde a 1ª fase, que ocorreu em 5 de dezembro de 2023 — e busca barrar o avanço do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul.
Pode-se dizer que a Successione é uma ‘sucessora espiritual’ da Omertà — já que as duas se propõem a acabar com a contravenção pelo jogo do bicho no Estado. Em setembro de 2019, a Omertà começou uma caçada à organização criminosa que comandava a jogatina regional.
Após o desmantelamento e a condenação dos envolvidos, outros grupos se interessaram por ‘tocar’ o jogo do bicho em MS. Um deles seria o clã Razuk — principal alvo da Sucessione —, que teria forte atuação no sul do Estado.
Outro que tentou atuar é o grupo de SP, o que, segundo aponta o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), levou o grupo rival a traçar um plano para desbancar os paulistas.
As duas primeiras fases da Successione aconteceram em dezembro de 2023 e a terceira em janeiro de 2024. Desde lá, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) já prendeu 44 pessoas ligadas à ‘nova formação’ de quadrilha destinada ao jogo do bicho.

1ª fase
Em 5 de dezembro de 2023, o Gaeco deflagrou a operação após descobrir que a organização criminosa estava inserida nos órgãos de segurança pública de Mato Grosso do Sul. Investigação confirmou denúncia de servidores que vincularam ‘guerra do jogo do bicho’ à contravenção na Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).
O deputado Neno Razuk (PL) foi alvo da operação, que cumpriu contra ele um mandado de busca e apreensão. Além disso, quatro assessores do deputado foram presos.
O empresário José Eduardo Abdulahad foi alvo de mandado de prisão — ele ainda não foi encontrado.
Segundo as investigações, a organização criminosa era responsável por diversos roubos praticados em plena luz do dia e na presença de outras pessoas, em Campo Grande, na disputa pelo monopólio do jogo do bicho local.
As investigações constataram, ainda, que a organização criminosa tem ‘grave penetração’ nos órgãos de segurança pública e conta com policiais para o desempenho de suas atividades, revelando-se, portanto, dotada de especial periculosidade.
Confira a lista de alvos da 1ª fase:
- Diego Souza Nunes – assessor parlamentar de Neno Razuk, que estava no QG do jogo do bicho;
- José Eduardo Abdulahad, conhecido como ‘Zeizo’ – empresário na fronteira e pai de Riadh Abdulahad, que está atuando na defesa de alguns dos presos na operação;
- O sargento aposentado da PM Manoel José Ribeiro, conhecido como ‘Manelão’ – assessor parlamentar de Neno Razuk;
- O major aposentado da PM, Gilberto Luiz dos Santos – assessor parlamentar do deputado. ‘Barba’, como é conhecido, também estava no QG do jogo do bicho;
- Júlio César Ferreira dos Santos – filho do major aposentado;
- Mateus Júnior Aquino;
- Taygor Ivan Moretto Pelissani – também estava no QG do jogo do bicho, e foi preso três dias depois com uma pistola, em Ponta Porã;
- Tiano Waldemor de Moraes – estaria envolvido nos roubos dos malotes do grupo rival;
- Valmir Queiroz Martinelli – seria o responsável pela aquisição das máquinas do jogo do bicho que foram encontradas na casa, no Monte Castelo;
- Luiz Paulo Bernardes Braga.
2ª fase
O Gaeco deflagrou a segunda fase da operação em 20 de dezembro de 2023, com cumprimento de 12 mandados de prisão e quatro de busca e apreensão.
Conforme o Gaeco, a organização criminosa agia de maneira violenta para estabelecer seu domínio, mesmo após uma ação em outubro de 2023, quando 700 máquinas do jogo do bicho foram apreendidas em um QG, no bairro Monte Castelo.
Segundo as investigações, a organização é integrada por policiais militares da reserva e por um ex-policial militar, que se valiam de sua condição, especialmente do porte de arma de fogo, como forma de subjugar a exploração do jogo ilegal aos mandos e desmandos da organização criminosa, tudo para tornar Campo Grande novo território sob seu comando.
3ª fase
As primeiras três primeiras fases foram quase seguidas — cerca de duas semanas entre uma e outra. A terceira aconteceu em 3 de janeiro de 2024. Conforme as informações do Gaeco, dois mandados de prisão preventiva e um de busca e apreensão foram expedidos. A ação foi resultado de material apreendido durante as outras duas fases.
O que as investigações identificaram é que liderança do grupo seria de Neno Razuk — alvo de buscas na primeira fase da operação. Ao final das investigações, o Gaeco concluiu que 15 pessoas, denunciadas em 19 de dezembro, integram a organização criminosa.
O grupo se dividia em tarefas voltadas à exploração ilegal do jogo do bicho, além de roubos, corrupção, entre outros crimes.

4ª fase
Com três fases em sequência, a última fase foi maior e prendeu 20 pessoas, entre elas, os irmãos e o pai do deputado Neno Razuk. Também foi alvo o advogado Rhiad Abdulahad, filho de José Eduardo Abdulahad — foragido desde a primeira fase.
Além das prisões, o Gaeco cumpriu 27 mandados de busca e apreensão em MS. As ações foram nos municípios de Campo Grande, Corumbá, Dourados, Maracaju e Ponta Porã. Também foram identificados alvos no Paraná, em Goiás e no Rio Grande do Sul.
A família Razuk se posicionou oficialmente sobre as acusações feitas pelo Gaeco de que o clã seria responsável por comandar o jogo do bicho em MS. Em nota assinada por Roberto, Neno, Rafael e Jorge, eles negam as acusações e dizem que desenvolvem seus negócios “de forma transparente e pacífica”.
Confira os alvos da 4ª fase:
- Rhiad Abdulahad, advogado;
- Roberto Razuk, empresário e ex-deputado estadual;
- Rafael Godoy Razuk, filho de Roberto;
- Jorge Razuk Neto, filho de Roberto;
- Sérgio Donizete Balthazar, empresário;
- Flávio Henrique Espíndola Figueiredo;
- Jonathan Gimenez Grance (o ‘Cabeça’), empresário;
- Samuel Ozório Júnior, comerciante;
- Odair da Silva Machado (o ‘Gaúcho’);
- Gerson Chahuan Tobji;
- Marco Aurélio Horta, chefe de gabinete de Neno Razuk;
- Anderson Lima Gonçalves, sargento da Polícia Militar de MS;
- Paulo Roberto Franco Ferreira;
- Anderson Alberto Gaúna;
- Willian Ribeiro de Oliveira, empresário;
- Marcelo Tadeu Cabral, empresário e suplente de vereador em Corumbá;
- Franklin Gandra Belga;
- Jean Cardoso Cavalini;
- Paulo do Carmo Sgrinholi;
- Willian Augusto Lopes Sgrinholi.
Fonte: Jornal Midiamax


