O depoimento do policial Augusto Torres Galvão Florindo, do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), reafirmou os casos de roubo de ‘muambas’ ocorridos em Mato Grosso do Sul. O policial foi preso pela PF (Polícia Federal) enquanto recebia propina, na última sexta-feira (28).
Durante o interrogatório na delegacia, o policial civil afirmou que estão ocorrendo roubos de mercadorias contrabandeadas e descaminhadas no território sul-mato-grossense.
Tal afirmação foi feita enquanto Augusto falava sobre a abordagem policial. Assim, ele contou que o contrabandista e ex-guarda municipal Marcelo Raimundo já havia sido vítima de criminosos. “Ele [Marcelo] já tinha sido roubado e ‘tá tendo’ muito roubo. Eu achei que era roubo”, falou.
A reportagem acionou a PCMS (Polícia Civil de Mato Grosso do Sul), através da Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos) e Corregedoria, sobre o roubo das muambeiras. Contudo, até o fechamento da matéria não obteve retorno. O espaço segue aberto para futuros posicionamentos.
‘Muambeiras’ roubadas
O roubo das ‘muambeiras’, no dia 5 de novembro, foi registrado por câmeras de segurança em Campo Grande. Procurada na segunda-feira (1º), quase um mês após o crime, uma das vítimas afirmou que ainda não teve o carro localizado.
Na época, as mulheres vinham da fronteira com mercadorias oriundas do Paraguai. À reportagem, uma delas contou que dois suspeitos armados chegaram anunciando serem policiais.
“Perguntaram o que tinha no carro, eu disse que era creme e óculos, um deles engatilhou a arma na minha cara e pegou os celulares da minha mão”, relatou.
Após ter as mercadorias subtraídas, a mulher disse que um dos homens entrou no carro dela e o outro no HB20 usado para o roubo. Na ocasião, populares acionaram a polícia, que foi até o local e rastreou os celulares das vítimas, encontrando os aparelhos descartados.
Flagrante e propina
A prisão ocorreu após a PF receber denúncia anônima de que uma mulher faria um saque bancário para pagamento de propina, supostamente relacionada a atividades de contrabando.
No dia 28 de novembro de 2025, a PF interceptou a transação. O ex-guarda municipal Marcelo Raimundo da Silva, investigado por crimes de contrabando e descaminho, teria efetuado o pagamento de cerca de R$ 160 mil a Augusto, em um estacionamento de supermercado em Campo Grande.
Após o flagrante, a juíza federal Janet Lima Miguel determinou a prisão preventiva de Augusto e Marcelo. Ela também decidiu por autorizar a quebra do sigilo dos dados telefônicos dos presos.

Casado com promotora que fiscalizava forças de segurança
Augusto Torres é casado com a promotora de Justiça Luciana Schenk, que atuou por anos como diretora do Gacep (Grupo especializado no controle externo da atividade policial) no Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS). Durante o período em que esteve à frente do Gacep, ela chefiou investigações sobre abusos e ilegalidades envolvendo policiais.
Luciana deixou o cargo em julho de 2024 e atualmente é assessora na Corregedoria-Geral do MPMS. Cerca de um ano e meio depois, o marido foi preso em flagrante, o que reacendeu questionamentos sobre possíveis conflitos éticos no sistema de controle da atividade policial.

Fonte: Jornal Midiamax


