Hugo Abel Heyn, de 69 anos, foi assassinado pelo próprio filho, de 35 anos, na noite de quinta-feira (26), no Bairro Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande. Segundo a família, ele tem diagnóstico de esquizofrenia. Por essa razão, o nome dele não será divulgado nesta reportagem.
Segundo o boletim de ocorrência, a mãe do autor e esposa da vítima, presenciou toda a cena. Ela relatou que o filho estava bastante agitado e agressivo, fazendo ameaças antes de cometer o crime. Em determinado momento, ele teria se dirigido ao pai dizendo: “E você, o que está olhando? Eu ainda vou fazer pedacinhos de você.” A vítima riu da ameaça, o que enfureceu ainda mais o jovem, que respondeu: “Tá duvidando? Vou fazer agora”.
A mãe ainda tentou impedir a agressão, trancando o quarto onde Hugo estava, mas o filho arrombou a porta e atacou o pai com uma faca, golpeando-o repetidamente. Mesmo depois da vítima já estar caída no chão, o autor ainda desferiu chutes contra a cabeça do pai.
A mulher tentou parar as agressões e após não conseguir correu para buscar ajuda de familiares que moram próximo. Quando retornou, encontrou o marido sem vida e o filho já havia fugido. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou a ser acionado, mas a vítima não resistiu aos ferimentos.
Equipes do Tático da PM (Polícia Militar) realizaram buscas pela região durante a madrugada, mas o autor segue foragido até o momento. O caso foi registrado como homicídio qualificado por motivo fútil na Depac Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada). A perícia esteve no local, que foi preservado pela guarnição da PM.
Inesperado
Reservado no convívio com vizinhos, ele mantinha uma presença ativa na internet. Em seu perfil pessoal, com 1,3 mil seguidores, falava sobre comportamento, emoções e poder da mente. “Pensamentos geram emoções, e emoções moldam suas ações”, diz uma das postagens, onde aparece de forma serena, orientando os seguidores a “vibrar alto”, como costumava escrever.
Em outra conta, com quase 7 mil seguidores, promovia as aulas de dança que ministrava. Vídeos alegres, com alunos dançando em pares e trilha sonora animada, povoam a página. “Quem dança, renasce a cada música. A dor se dissolve no giro”, escreveu em uma publicação. Para quem assistia de fora, era um exemplo de leveza e positividade.
Moradores da rua do Bairro Parque Residencial Maria Aparecida Pedrossian estão em choque. Descrevem a família como tranquila e respeitada no bairro. O filho, apesar do comportamento mais reservado, era querido por causa da dança. “Ele gostava de dançar, era calado, mas educado. Ninguém imaginava isso”, disse um vizinho. “Ele dançava muito, sempre muito paciente”, disse uma colega do professor.
Perseguição
O autor chegou a perseguir uma ex-namorada, com quem manteve um relacionamento de três meses. Na época, a jovem chegou a pedir medida protetiva. O processo é de 2017.
A morte de Hugo está sendo investigada pela Polícia Civil. O autor do crime não foi preso até a publicação desta reportagem.
Matéria: Campo Grande News



