Major da polícia boliviana foi preso por suspeita de dar proteção ao narcotraficante apontado como substituto de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, no PCC (Primeiro Comando da Capital). Gabriel Jesús Soliz Heredia foi capturado em Santa Cruz de la Sierra após ser visto em imagens com Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, extraditado na última semana do país que faz fronteira com Mato Grosso do Sul.
Imagens do circuito interno do centro comercial onde Tuta tentou legalizar os documentos falsos que usava na Bolívia, mostram o narcotraficante em conversa com o major da polícia. Segundo o jornal El Deber, Gabriel estaria dando orientações ao chefe do PCC antes da entrada no serviço de identificação.
Na gravação, divulgada pela imprensa boliviana, é possível ver Tuta conversando com um advogado. Após algum tempo eles se levantam e vão embora. Outro vídeo, mostra o narcotraficante sentado em algumas cadeiras no centro comercial e o major se aproxima.
Os dois se cumprimentam e conversam. O major faz uma ligação e sai. O advogado, que ainda não foi identificado, aparece e entrega alguns documentos. Eles saem do local, onde Tuta foi preso momentos depois com documentos em nome de Maycon Gonçalves da Silva.
Soliz foi preso ontem pelo Departamento Especializado de Luta Contra a Corrupção da Bolívia e segundo a ABI (Agência Boliviana de Informações), o major poderá ser aposentado compulsoriamente ou demitido da corporação. Ele também é investigado pelo tribunal disciplinar da Polícia em La paz.
O vídeo mostra ainda que Tuta carregava uma mochila preta naquele dia, no entanto, o objeto não foi encontrado com ele no momento da prisão. A polícia investiga o que aconteceu com a bolsa.
Gabriel prestou depoimento à Promotoria boliviana nesta sexta-feira (23). Ele chegou a se manter em silencio, mas depois de conversar em particular com o advogado, optou por fazer uma declaração. O que ele disse não foi divulgado e a defesa do major não foi encontrada.

“Protegidos”
A proteção de autoridades bolivianas aos integrantes do PCC é uma hipótese já levantada pelo promotor do Gaeco-SP (grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo), Lincoln Gakiya que investiga a facção há décadas.
“Ele [o Tuta] ir voluntariamente procurar as autoridades da Bolívia para renovar documentos revela que ele tinha uma grande tranquilidade para ir e vir, sem ser incomodado”, diz o promotor ao portal G1.
Além de Tuta, outros traficantes estão no país vizinho. Entre eles, André Oliveira Macedo, o “André do Rap”; Silvio Luiz Ferreira, o “Cebola”, Pedro Luiz da Silva, o “Chacal”, Patrick Velinton Salomão, o “Forjado” e Sérgio Luiz de Freitas Filho, o “Mijão”.
André Oliveira Macedo, o André do Rap; Silvio Luiz Ferreira, o Cebola; Sérgio Luiz de Freitas, o Mijão; Pedro Luiz da Silva, o Chacal (Foto: Reprodução Estadão).
Matéria: Correio do Estado


