A perita papiloscopista da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul Ana Carla Ferreira Sabacianskis foi novamente presa transportando celulares contrabandeados. A servidora havia sido solta em julho do ano passado, um dia depois de ser pega por equipe do DOF (Departamento de Operações da Fronteira) com carga de 471 aparelhos.
A nova prisão aconteceu no dia 10 de janeiro, mas só foi divulgada hoje (16). Na ocasião, Ana Carla estava com o ex-policial civil Sérgio Garutti Junior em um veículo Nissan Versa trafegando pela MS-379, zona rural de Laguna Carapã, quando foram abordados pelos militares por volta das 10h.
Durante revista ao veículo, os policiais do DOF encontraram 255 iPhones e 20 aparelhos celulares da marca Xiaomi. Os itens estavam escondidos na caixa de som do porta-malas e em compartimentos ocultos no banco traseiro e nos dois bancos dianteiros. Ana Carla era quem dirigia o carro e optou por ficar em silêncio.
Já Sérgio, que estava como passageiro, se apresentou como ex-policial e afirmou ser o dono do carro. Segundo ele, Ana Carla foi convidada para a viagem por ser servidora pública e que ajudaria nos possíveis bloqueios policiais evitando a busca no veículo. Ele receberia R$ 2.750,00 pelo transporte.
Ambos foram levados para a Delegacia da Polícia Federal e no local, Sérgio mudou a versão dada aos policiais. No relato, ele alegou que o carro pertencia a outro homem, identificado como Jailson, que seria o responsável por montar os compartimentos ocultos no veículo. Ele disse ainda ter sido contratado para levar os celulares até Dourados e que Ana Carla não teria nenhum envolvimento no caso.
Eles foram presos em flagrante e passaram por audiência de custódia no dia 11 de janeiro. Na ocasião, o juiz federal substituto Fábio Fischer decidiu em conceder a liberdade provisória para Sérgio, mas determinou pagamento de fiança de R$ 6 mil e que ele não se ausente da cidade onde mora sem autorização judicial e também teve o direito de dirigir suspenso e a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) apreendida.
Porém, o magistrado decidiu converter o flagrante de Ana Carla em prisão preventiva. Conforme Fábio, a perita oferece risco de praticar novo crime, já que há “pouco tempo praticou delito de idêntica natureza com quantidade semelhante de aparelhos eletrônicos”. Ele ainda ressaltou que a servidora participou da “empreitada” com a finalidade de “valer-se de sua função pública na Polícia Civil para evitar a atuação dos órgãos de segurança”.
À reportagem, a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) informou que assim que soube da prisão da perita “tomou as providências necessárias e encaminhou o documento para a Coordenadoria Feral de Perícias para a adoção das medidas administrativas que o caso requer”.
Em nota, a pasta também afirmou que a servidora responderá criminal e administrativamente pela conduta.
Reincidente
No dia 19 de julho de 2023, Ana Carla foi presa por equipe do DOF na zona rural de Ponta Porã. Na ocasião, a servidora viajava junto com Adelson Aparecido Soares, 52 anos, e Guilherme Tonel Moroso, ambos moradores de Campo Grande.
O grupo estava dividido em três carros. A perita dirigia um Chevrolet Tracker onde foram encontrados 252 celulares contrabandeados. Guilherme conduzia um Hyundai Creta com 219 aparelhos e Adelson estava na direção de um Fiat Mobi com um celular, 30 pneus e 250 pacotes de cigarro, produtos de origem Paraguaia.
Guilherme pagou fiança estipulada pelo delegado da Polícia Federal e foi solto. Já Ana Carla e Adelson passaram por audiência de custódia na Justiça Federal e foram soltos no dia seguinte à prisão. Para o juiz federal Ricardo Duarte Ferreira Figueira eles não registravam maus antecedentes, os crimes foram cometidos sem violência ou grave ameaça e há ausência de envolvimento em organização criminosa.
Para Adelson, o juiz determinou fornecimento de endereço e outros meios para ser localizado; compromisso de comparecer a todos os atos do processo e apresentar comprovante de residência atualizado; comparecimento virtual mensal à 1ª Vara Federal de Ponta Porã para justificar suas atividades; proibição de sair do país e de frequentar qualquer cidade ou região de fronteira até o término da ação penal e não se envolver na prática de qualquer outra infração penal.
Ana Carla, no entanto, teve de pagar fiança de três salários mínimos; indicar endereço de sua residência; compromisso de comparecer a todos os atos do processo; comparecimento virtual mensal à 1ª Vara Federal de Ponta Porã para justificar suas atividades; comunicar mudança de endereço; comunicar ausência de seu domicílio por prazo superior a oito dias e não se envolver na prática de qualquer outro crime.
FONTE: CAMPO GRANDE NEWS