Nem sempre os direitos “chegam” antes do parto. Crianças e adolescentes grávidas, que não têm plena consciência do que está acontecendo com seus corpos, acabam sem escolha. São meninas estupradas por estranhos, pais, tios e padastros, que além do sofrimento com a violência enfrentam uma gravidez indesejada. Elas têm direito a apoio psicológico e ao aborto pela rede pública.
Há casos em que somente na hora de dar a luz ao bebê, a adolescente revela que sofreu abuso.
O SUS (Sistema Único de Saúde) oferece a cirurgia de aborto, caso seja o desejo do responsável, e a rede de proteção à criança e ao adolescente tem o dever de prestar toda assistência necessária à vítima e seus familiares, o que inclui orientar sobre o aborto e fazer o acompanhamento social e psicológico da família.
Os casos não são raros. Ao ser levada ao Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) por estar passando mal, uma menina de 14 anos teve um bebê, na semana passada. A mãe alegou à polícia que não sabia da gestação. O estupro foi descoberto no hospital e o padastro foi preso.
Nesta segunda-feira (13), a avó da adolescente contou que a menina não fala sobre o assunto, depois do parto normal, após os 9 meses de gestação e alta médica, ela segue vítima, “muito abalada”, diz a avó.
Direito ao aborto
A senhora comenta o que pensa sobre a rede de proteção à criança e à adolescente e o direito ao aborto.
“No hospital, ela [adolescente] recebeu apoio psicológico e na delegacia também falou com uma psicóloga. Isso ajuda bastante, mas é muito difícil passar por isso. Sobre o aborto, eu sei que é direito nesses casos. Não sou contra, desde que esteja no começo da gravidez. Se fosse de início [da gestação], poderia pensar nisso, mas depois já não concordo mais”, comenta.
Fonte: CG News